OS EFEITOS DA RADIAÇÃO UV NO OLHO. A IMPORTÂNCIA DA PROTEÇÃO
ANTÓNIO SILVA-ARAÚJO
Médico Oftalmologista
Santa Casa da Misericórdia Marco Canaveses
Fruto das alterações climáticas, tem-se verificado aumento preocupante, quer da incidência quer da prevalência, das lesões oculares relacionadas com a exposição crónica à radiação ultra-violeta (UV) do sol.
Existem dois tipos de radiação UV: o tipo A (315-400 nm) e o tipo B (280-315 nm) que atingem a superfície terrestre, já que o tipo C é retido totalmente na estratosfera pela camada de ozono, se esta estiver intacta.
A intensidade da radiação UV no organismo depende da latitude (tanto mais elevada quanto mais próxima do equador), altitude (tanto mais elevada quanto maior a altitude), a hora do dia (máxima entre 10h:00-14h:00), a reflexão da luz com o tipo de solo (aumentada na água e neve), a intensidade e localização dos buracos de ozono, a localização (maior nos espaços abertos, do que nas cidades e florestas) e, não menos importante, do consumo de medicamentos que aumentem a fotossensibilidade como tetraciclinas, anovulatórios, diuréticos, tranquilizantes, sulfonamidas). Outros fatores de risco são a idade, sexo, raça, fatores genéticos, e o estilo de vida – tabagismo, consumo de álcool e défices nutricionais.
Os efeitos nocivos no globo ocular podem ser agrupados em dois tipos:
- Degenerativos (benignos) como a pinguécula, o pterígio, a catarata e a degenerescência macular da retina (DMRI)
- Neoplásicos (malignos) como o carcinoma basocelular das pálpebras e o melanoma uveal.
Quer uns, quer outros, podem levar a situações de cegueira, umas reversíveis (catarata), outras irreversíveis (degenerescência macular da retina); outras, para além de irreversíveis, podem diminuir a esperança de vida do doente (melanoma).
Torna-se, por isso, imperioso realçar a importância da prevenção, com o uso de óculos de proteção. E, para isso, é necessário, desde já desfazer um mito. A utilização de óculos escuros só por si não significa qualquer proteção; muito menos pensar que quanto mais escuro, mais protege! É necessário ter a certeza que, para além da pigmentação, as lentes filtrem toda a radiação UV.É frequente na prática clínica diagnosticar lesões graves na retina em utilizadores de “óculos de sol” que, julgando-se protegidos, olham diretamente o sol. Em complemento, e graças ao avanço tecnológico, hoje é possível a utilização de lentes incolores graduadas com filtro total para radiação UV até aos 400nm.
Em conclusão, invista na sua saúde protegendo-se, mas de forma segura!
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