TEMPO DE VACINAR AS CRIANÇAS
Agostinho Marques
Pneumologista
Diretor Clínico da Santa Casa da Misericórdia do Marco de Canaveses
Professor catedrático jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
Uma vez instalada na população a infeção por Covid 19, é de esperar que haja um período de agravamento no Inverno semelhante àquele que estamos a viver. A vacinação de toda a população é a forma de conter os efeitos mais temíveis da doença: formas graves com necessidade de internamento hospitalar e óbitos. Como a vacinação de vírus respiratórios não é permanente, provavelmente teremos de repetir um reforço da vacina no Outono dos próximos anos. Acontece que o vírus vai mudando com o tempo (sucessivas variantes), tornando a vacina menos eficaz porque foi feita para o vírus chinês original (que já nem existe) muito diferente da estirpe delta, dominante na Europa. É por isso necessário que a indústria farmacêutica lance novas vacinas, tomando como molde os vírus dos últimos surtos. É o que se faz com a gripe com sucesso, há muitos anos.
Neste momento, a atenção dirige-se para as crianças dos 5 aos 11 anos de idade. Só agora por duas razões: Em primeiro lugar porque só agora há estudos científicos que garantem a eficácia e segurança da vacina nessas crianças; em segundo lugar porque a vacinação sistemática dos mais velhos deslocou a doença para os grupos ainda por vacinar. O aumento de casos em crianças aumentou muito as perturbações escolares e familiares e o processo de aprendizagem. Também porque se verifica que os casos das escolas fazem a ponte entre as famílias das crianças, contribuindo para a propagação da epidemia na sociedade. Curiosamente, neste momento, os grupos etários com maior crescimento são estas crianças e os adultos entre os 30 e os 40 anos, precisamente o grupo dos pais desta população.